“Não faça sua luta sozinha, faça no grupo, pois ela não se individualiza”, sugeriu debatedora
O I Encontro Estadual de Assistentes Sociais e Psicólogos da Área Sociojurídica discutiu o trabalho na área Sociojurídica e a violência ao trabalhador, na última mesa do evento, realizada na tarde desta sexta-feira, 22 de março, no auditório Manoel Vereza, na Ufes, em Vitória.
O presidente do Conselho Regional de Serviço Social do Rio de Janeiro (CRESS-RJ), Charles Toniolo de Souza, explicou que as/os assistentes sociais e as/os psicólogas/os devem se reconhecer como trabalhadoras e trabalhadores.
“A gente precisa se reconhecer como trabalhador, porque quando faz isso, a gente reconhece o outro como trabalhador. Se reconheça como trabalhador para se organizar, ir para os sindicatos, associações. Se não tiver associação, funde uma”, frisou o presidente alertando para necessidade de organziação coletiva da classe.
Segundo Charles, a questão social está cada vez mais despolitizada. “Isso se inicia lá no século 20, na nova ofensiva do capital, e nós não nos reconhecemos mais como trabalhadores/as. E passamos a nos tornar colaboradores/as”, analisou.
E nesse papel de colaboração, a/o profissional acaba reproduzindo a lógica da sua instituição.
“Uma vez que os/as trabalhadores/as são contratados/as, eles/as se tornam agentes daquela instituição. E são contratados/as para que, a partir do seu saber, contribuam para que a instituição alcance seus objetivos. Com isso, a gente vai reproduzindo a lógica da coerção e da repressão no nosso cotidiano. Por isso, é preciso ter clareza para se situar onde se estar para pensar nas alternativas”, analisou.
Charles também falou sobre a importância do fortalecimento dos espaços coletivos, como o próprio Encontro Sociojurídico.
“Fortalecer os espaços coletivos, as comissões dos conselhos, seminários é fundamental para construirmos espaços de enfrentamento. E precisamos ocupar os espaços da sociedade civil de defesa dos direitos humanos”, disse.
Lute em grupo!
“Não faça sua luta sozinha, faça no grupo, pois ela não se individualiza”, sugeriu a psicóloga Grayce Lourdes Amboss Merçon Leonardo, que apresentou a relação da Psicologia com as outras profissões no campo Sociojurídico.
Essa luta coletiva se faz necessária para transformar realidades como se via no início da relação da Psicologia com o Direito no campo Sociojurídico.
“O diagnóstico psicológico da época servia para classificar os indivíduos. Esse encontro da Psicologia com o Direito foi desastroso. Num primeiro momento, a Psicologia foi chamada pelos seus estudos. Saber se a testemunha falava a verdade, era o que se precisava na época”, contou.
Para ela, o compromisso ético da Psicologia vai na contramão da instituição judiciária. “A instituição preza pela norma, pela disciplina. Trabalhamos na contramão do que ela quer”, pontuou.
Desafios
Segundo Grayce, a tarefa da Psicologia Jurídica é de muita responsabilidade e de grande desafio.
“Precisamos estar inseridos numa instituição disciplinar e nunca perder o ponto de vista de quem é nosso cliente – aquele que procura o Judiciário, o usuário”, revelou.
Ela também alertou para que a/o psicóloga/os que atua na Psicologia Jurídica não se exponha à violência, que é a apropriação indevida do seu fazer profissional por parte de outros.
“A Psicologia Jurídica tem que estar comprometida com o resgate da cidadania, da dignidade humana e da vida na resolução de conflitos. Tal postura evitará que a instituição judiciária se aproprie de forma errônea dos recursos psicológicos”, argumentou.
Após o debate, o I Encontro Sociojurídico foi encerrado.
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